Terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Nan-In, um Mestre japonês da era Meiji (1868-1912), recebeu em sua casa um professor universitário que veio lhe inquirir sobre o Zen.
O professor mal cumprimentou o Mestre e foi logo tecendo um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.
O discurso foi prontamente interrompido pelo Mestre Nan-In, que disse serenamente:
- Calma! Você deve estar cansado, pois caminhou muito até aqui. Sente-se. Descanse um pouco, respire e permita-me servir-lhe uma xícara de chá. Depois conversamos.
Assim, usando de todo o ritual que pede o costume japonês, Nan-In preparou o chá para o ansioso visitante. Ao serví-lo encheu completamente a xícara, e continuou a enchê-la de modo tranqüilo até derramar o chá pela borda.
O professor, por alguns instantes, observou o chá transbordando até não se conter mais:
- Pare! A xícara está mais do que cheia, nada mais cabe aí.
Diante desta manifestação, disse o Mestre:
- Como esta xícara, jovem professor, você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como eu posso lhe mostrar o Zen, sem que antes você esvazie sua xícara?
“Caros amigos visitantes e discípulos do Sanchin Dojo,
este conto nos leva à uma profunda reflexão. Se me permitem:
- filosoficamente falando, ele nos alerta sobre a necessidade de se quebrar certos paradigmas. O paradigma é um elemento de comparação, é a representação dos modelos a serem seguidos. Vejam, as atitudes do passado que antes davam certo podem não ser adequadas para os dias atuais. Então precisamos desaprender certas coisas para entendermos melhor a realidade. Porém isso não é uma tarefa fácil, pois mudar aquilo que já está sedimentado em nossas mentes só é possível diante de um impacto específico e profundo.
- Em termos religiosos, o conto nos mostra a necessidade de nos esvaziarmos das coisas mundanas para que haja espaço para as coisas da alma, para as coisas de Deus.
- E, de modo prático e trazendo para a realidade das artes marciais, nestes 12 anos como Professor de Karate-Do notei que aqueles alunos que chegaram dizendo que sabiam alguma coisa sobre artes marciais ou sobre o Karate em si, não foram muito longe e logo abandonaram os treinamentos. Já os que demonstraram que nada sabiam e que estavam realmente dispostos a aprender, estes perseveraram e treinam até hoje.
Oss!
Boa reflexão!
Por favor, deixem seus comentários. Eles enriquecem a nossa reflexão e me motivam.”
Sensei Júlio Mário – 3º.Dan
3 comentários:
Muito obrigado por este conto "senseicional".
OSS
Acho que quanto mais você se esvazia mais poderá aprender. Kara do karate no ensina que nele devemos estar vazios para o aprendizado e treinamento.
Caro amigo Wendell gostei muito do novo termo: "senseicional"! Mas sensacional é o apoio e carinho que recebo de vocês sempre. Arigato Gozaimashita!
E Felipe, é muito bom ver que você tem estudado o Karate-Do. Continue firme no Do (caminho), estarei sempre aqui para auxiliá-lo no que for preciso.
Oss!
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