O CAMINHO DO MEIO – Conto Budista

 Domingo, 18 de março de 2012
Siddharta Gautama, de linhagem nobre, filho do rei Suddhodana e da rainha Maya, foi criado cercado de luxo, portanto longe das misérias e sofrimentos humanos.

O jovem príncipe, após muitos anos dentro dos muros do palácio resolve, contrariando a vontade do pai, atravessar a cidade. E lá acaba se deparando com a miséria, a doença e a morte, algo que até então desconhecia. 

Após este episódio, Siddharta entra em profunda crise existencial. Então, aos 29 anos, decide deixar o palácio e sua família com o intuito de procurar a solução para a dor que o afligia: o sofrimento humano! 

Gautama então, fora do palácio, resolve se juntar a um grupo de brâmanes1 dedicados a uma severa vida ascética2

Durante seis anos, Siddhartha e os seus seguidores viveram em silêncio e nunca deixaram a floresta.

Para beber, tomavam água da chuva; para comer, um grão de arroz, um caldo de limo ou as fezes de algum pássaro que por ali passava. Buscavam, assim, dominar o sofrimento por meio do fortalecimento da mente, até que o corpo fosse esquecido.

Certo dia, Siddhartha viu um velho músico num barco que passava próximo à margem do rio, que dizia ao seu aluno:

- Se você, meu caro aluno, esticar muito a corda de seu instrumento, ela se arrebentará. E se deixá-la muito frouxa, não tocará.

Siddhartha, ouvindo estas simples palavras, entendeu que elas guardavam uma profunda verdade.

- Se você esticar muito a corda, ela arrebenta. E se deixar muito frouxa, ela não toca. – repetiu interiorizando.

Após isso, Siddharta, apesar de muito fraco, se banhou no rio e uma aldeã, vendo esta cena, lhe ofereceu uma tigela de arroz. E, pela primeira vez em anos, ele experimentou comida apropriada.

Porém, quando os ascetas viram seu mestre tomando banho e comendo como uma pessoa comum, se sentiram traídos.

Siddhartha então os chamou:

- Venham e comam comigo.

Os ascetas responderam:

- Você traiu seus votos, Siddhartha. Não podemos mais aprender com você. – após dizerem isto foram se retirando.

Siddharta, vendo os ascetas se distanciarem, ainda disse:

- Aprender é mudar. O caminho para a iluminação é o Caminho do Meio. É a linha entre todos os extremos opostos!

A partir deste dia Siddharta Gautama, conhecido agora como Buda3, passou a ensinar o Caminho do Meio a todas as pessoas do mundo.


“Caros amigos que visitam o Blog e queridos alunos do Sanchin Dojo,
quem muito trabalha e se preocupa em demasia com os assuntos materiais acaba, por vezes, se tornando uma pessoa compulsiva, estressada, antissocial, e infeliz. Ao mesmo tempo, aquele que se larga aos prazeres e à diversão acaba, por vezes, se tornando uma pessoa compulsiva, dependente, miserável e infeliz. Assim, há que se seguir o caminho do meio: nem tanto ao trabalho, nem tanto aos prazeres. Eis uma conclusão simplista diante da dimensão dos ensinamentos do Buda.”
Sensei Julio Mario – 3o.Dan

  1. Brâmane: membro da casta sacerdotal da sociedade hinduísta.
  2. Asceta: pessoa que se entrega a exercícios de piedade, a mortificações. Pessoa que leva vida austera.
  3. Buda: "aquele que sabe", "aquele que despertou", não é um nome próprio. Foi aplicado a Siddharta Gautama por ter atingido o nível de entendimento e plenitude, por ser alguém excepcional em nível de elevação moral e espiritual. 

PS: segue cena do filme “O Pequeno Buda” de Bernardo Bertolucci, tendo Keanu Reeves como intérprete de Siddharta Gautama. (Vale à pena conferir!)




Fontes:
http://www.dicio.com.br/asceta/
http://ashistoriasdahistoria.blogspot.com.br/2004/11/histria-de-buda.html
http://www.youtube.com/watch?v=silggNYmvm0

1 comentários:

HelioIZMA disse...

sou budista Nitiren da BSGI e estou aproveitando este conto para uma reunião sobre budismo on line.Muito obrigado !! Sou também praticante do karate Shitoryo . Oss

Postar um comentário