Domingo, 18 de dezembro de 2011
Achava-se, certa vez,
Confúcio* o grande Filósofo, na sala do trono. Em dado momento o Rei,
afastando-se por alguns instantes dos ricos Mandarins que o rodeavam,
dirigiu-se ao sábio e perguntou-lhe:
- Dizei-me, oh
honrado Confúcio: como deve agir um Magistrado? Com extrema severidade a fim de
corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência a fim de não
sacrificar os bons?
Ao ouvir as palavras
do Soberano, o ilustre Filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns
minutos de profunda reflexão, chamou um servo, que se achava perto, e pediu-lhe
que trouxesse dois baldes: sendo um com água fervente e outro com água gelada.
Ora, havia na sala,
adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos da mais fina e pura
porcelana chinesa. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o Rei muito
apreciava.
Preparava-se o servo
obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervendo num dos vasos
e a gelada no outro, quando o Rei, emergindo de sua estupefação, interveio no
caso com incontida energia:
- Que loucura é essa
oh Venerável Confúcio! Queres destruir estas obras maravilhosas! A água
fervente fará certamente arrebentar o vaso em que for colocada; e a água gelada
fará partir-se o outro!
Confúcio tomou os
baldes e, então, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura
assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum.
O poderoso Monarca e
os Venerandos Mandarins observaram atônitos a atitude singular do Filósofo.
Este, porém, indiferente
ao assombro que causava aproximou-se do
Soberano e assim falou:
Soberano e assim falou:
- A alma do povo, oh
Rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça do Rei é como água. A água
fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente
desastrosas para a delicada porcelana; manda, pois, a Sabedoria e ensina a
Prudência que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade com que se pode
castigar o mau, e a longanimidade com que se deve educar e corrigir o bom.
“Caros
amigos que visitam o blog e queridos alunos do Sanchin Dojo,
na
educação de crianças e jovens, bem como nas relações humanas em geral, não
sejamos tão rigorosos ou intransigentes, nem mesmo tão indiferentes ou
relapsos, pois são justamente os extremos que nos afastam do verdadeiro
caminho. Como dizia Ernesto Che Guevara: ‘Hay que endurecerse, pero sin perder
la ternura jamás.’ (É preciso endurecer, mas sem
nunca perder a ternura.)
Saiba, pois, dentro destes princípios, ver o próximo como
alguém que também falha e é digno de perdão assim como você, e como alguém que
também acerta e é digno de elogio afim de o estimular na trilha do verdadeiro
caminho.”
Abraços cordiais,
Sensei Júlio Mário – 3o.Dan
P.S. - seguem algumas informações que poderão auxiliar na
reflexão:
1
– “Já vi de tudo nos dias da minha existência fugaz. Vi o justo perecer apesar
da sua justiça, e o injusto viver longamente apesar da sua injustiça. Não seja
demasiadamente justo, nem se torne sábio demais. Por que iria você arruinar-se?
Não seja demasiadamente injusto, nem se torne insensato. Para que iria você
morrer antes do tempo? É bom que você se apegue a uma coisa, sem abandonar a
outra: o importante é que você tema a Deus, e você se sairá bem numa e noutra
coisa.” Ecl 7, 15-18
2-
*Confúcio é nome latino do pensador chinês Kong-Fu-Tse (Kong ou Kung / Tse ou
Tzu). Sua doutrina, o Confucionismo,
teve forte influência não apenas sobre a China, mas também sobre toda a Ásia
Oriental. O Confucionismo foi introduzido na Europa
pelo jesuíta italiano Matteo Ricci,
que foi o primeiro a latinizar o nome como "Confúcio".
O
pai de Confúcio morreu quando tinha três anos, o que o obrigou a trabalhar
desde muito jovem para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos resolveu
dedicar suas energias em busca do aprendizado.
Confúcio é
biograficamente, segundo o historiador chinês Sima Qian (século II a.C.), uma
representação típica do herói chinês: era
alto, forte, enxergava longe, usava longa barba (símbolo
de sabedoria), se
vestia bem e era simples. Era também de um comportamento exemplar, demonstrando
sua doutrina nos seus atos. Pescava com anzol, dando opção aos peixes, e caçava
com um arco pequeno, para que os animais pudessem fugir. Comia sem falar, era
direto, franco e acreditava ser um representante do céu.
Confúcio não
procurou uma distinção aprofundada sobre a natureza humana, mas parece ter
acreditado sempre no valor da educação para condicioná-la.
Exerceu funções
políticas e destacou-se como professor e filósofo.
A sua filosofia
enfatizava a moralidade pessoal e governamental,
a exatidão nas relações sociais, a justiça
e a sinceridade.
O princípio
básico do Confucionismo é a busca do Caminho (Tao), que garante o equilíbrio
entre as vontades da terra e as do céu.
A sua escola foi
sistematizada nos seguintes princípios:
·
Ren (humanidade,
altruísmo);
·
Li (cortesia);
·
Zhi (conhecimento
ou sabedoria moral);
·
Xin (integridade);
·
Zhing (fidelidade);
·
Yi (justiça,
retidão, honradez).
Segundo a doutrina
de Confúcio, o ser humano é composto por quatro dimensões:
·
O Eu;
·
A Comunidade;
·
A Natureza;
·
O Céu (fonte da auto-realização definitiva).
As cinco virtudes essenciais do homem, segundo Confúcio, são:
·
O amor ao próximo;
·
A justiça;
·
O cumprimento das regras adequadas de
conduta;
·
A autoconsciência da vontade do
"Céu";
·
A sabedoria e sinceridade
desinteressadas.
Confúcio é,
certamente, o mais influente filósofo chinês, exercendo imensa influência sobre
o pensamento e a mentalidade oriental nos dias de hoje.
Nasceu em 551
a.C. e morreu em 479 a.C. Viveu, portanto, 72 anos.
Fontes:
http://pensador.uol.com.br/autor/confucio/biografia/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conf%C3%BAcio
http://www.magiadourada.com.br/confucionismo.html
http://www.cacp.org.br/orientais/artigo.aspx?lng=PT
BR&article=371&cont=1&menu=9&submenu=1
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